RELATO – TRILHA DO RIO BRANQUINHO

De uma beleza sem igual, a região da serra do mar nos premia com muitas trilhas, belas paisagens e muita, muita aventura. Fui convidado por um amigo para realizar uma trilha que para ele é uma verdadeira tradição. Há 33 anos que ele percorre este caminho sempre na mesma época do ano.

A trilha do Rio Branquinho não é um percurso fácil. A todo momento ela te desafia: Caminhada sobre leito de ferrovia, descidas em barrancos super inclinados e 90% do tempo pés molhados são apenas alguns dos desafios que se deve esperar durante esta aventura.

Com um percurso estimado em 58 Km, mais aproximadamente 14,5 Km até o ponto de ônibus mais próximo, a nossa caminhada teve aproximadamente 72 Km de extensão.

O convite

Soube dessa trilha a alguns anos, quando o tio do meu cunhado me contou sobre esta tradição. Embora eu tivesse certa experiência com trilhas leves e moderadas, eu tinha muito sobrepeso e uma trilha tão intensa estava muito além das minhas capacidades físicas. Os anos passaram, eu me submeti a um procedimento cirúrgico para tratamento da obesidade e eliminei muito peso. Em um aniversário da família, veio o convite para realizar esta caminhada. Aceitei na hora.

A Preparação

Com tempo de sobra para planejar, comecei a reunir e revisar equipamentos, ouvir os relatos das trilhas anteriores que meu amigo já havia realizado. Porém como um bom SV, a gente acaba exagerando em algumas coisas. E o exagero em equipamentos não combina com caminhadas longas e cansativas. Conversando com amigos experientes em longas caminhadas, fui aconselhado a eliminar diversas redundâncias de equipamentos, tais como facas, roupas e material de apoio como ferramentas. E ainda paguei caro por insistir em levar algumas redundâncias e levei muita coisa sem necessidade alguma.

Fica aqui um aprendizado muito importante: escolher bons equipamentos, conhecer e respeitar os limites operacionais deles é melhor do que levar redundâncias. Pois cada grama na mochila conta. Mesmo com as orientações dos amigos, eu vivi isso na pele nesta jornada.

Para esta aventura utilizei os itens mais comuns usados em acampamentos. Quase nenhum material super tecnológico. Isto teve um preço (peso) mas fazia parte da minha premissa em não gastar muito com a viagem e exercitar a minha criatividade para resolver alguns problemas que sabia que teria.

Separei a preparação em tópicos:

Um dos numerosos checklists para a aventura. Revisitei diversas vezes esses itens e deixei alguns de fora por orientação de amigos mais experientes.

Para dormir, fui no básico e funcional: Uma barraca, uma lona, um isolante térmico inflável e um saco de dormir. Tudo bem comum. O único item que adquiri para essa trilha foi o isolante térmico, pois queria algo mais compacto que o EVA, que é muito volumoso e ia ficar enroscando durante a trilha. E foi a melhor escolha que eu poderia ter feito.

Para comer eu levei um kit bem básico de fogareiro a gás, com uma caneca de 900ml. Preparei 3 refeições usando macarrão tipo lámen, enriquecido com proteínas e temperos alternativos a aquele salzinho cancerígeno. Levei também alguns snacks como cenoura, maça, paçoquinha e barras de proteína e cereais. Confesso que dei uma exagerada na comida, poderia ter passado bem com metade do que levei. Minha falta de experiência me fez carregar uns 500g extra de comida que acabei distribuindo pros amigos mais famintos.

Para beber eu levei uma bolsa de hidratação de 3 litros e um cantil de 900ml. Para esta trilha o cantil foi mais que suficiente pois existem muitos pontos de água durante o caminho. Levei também alguns saches de repositor eletrolítico em pó. Basicamente a versão em pó do Gatorade. Ajudou muito a levantar o moral após a descida infernal da encosta.

Outro ponto onde errei bastante foram nos itens de vestuário. Além da roupa do corpo (Calça, segunda pele, camiseta e gandola) levei uma muda de roupa extra, uma capa de chuva e alguns pares de meias. A ideia era trocar as meias para tentar manter os pés secos, mas isto se provou impossível, dada a quantidade de travessias de rio que este trajeto nos proporciona. A capa de chuva foi e voltou sem ser utilizada, 250 gramas que poderiam ter ficado em casa. Mesmo com tempo frio e uma garoa pesada na caminhada sobre os trilhos, não a utilizei, pois, estava com tanto calor que iria suar e ficar molhado do mesmo jeito. A gandola militar à primeira vista, parece adequada ao ambiente da caminhada, mas as costuras duplas dos ombros me incomodaram bastante. Tanto que no segundo dia estava com tanta raiva dela que acabei dando para um colega. Roupas militares definitivamente não são necessariamente confortáveis.

Na parte de ferramentas, levei uma faca Morakniv, um canivete simples para cortar a comida, uma lanterna de cabeça, uma lanterna de mão (redundância boba, ela foi e voltou sem uso), um kit para fazer fogo, que foi muito útil para acender a fogueira, 10m de paracord para fazer um varal e colocar uma lona sobre a área comum do acampamento, um bastão de caminhada, um kit de primeiros socorros e um rádio UHF/VHF (sou radioamador classe C).

Dia da partida

A tropa reunida na casa do Paulão (lado esquerdo, de pé). Foto tradicional antes da partida.

Nos encontramos as 23h na casa do Paulão, o patriarca da trilha, que não está mais realizando a travessia, mas seus filhos e netos continuam com a tradição. Tomamos um café reforçado, me zoaram com o peso da minha mochila (estava pesada mesmo), contamos piadas e iniciamos o esquenta para a aventura. À meia noite fizemos uma breve oração e embarcamos na van fretada para Evangelista de Souza.

Chegamos na estação por volta de 1h da manhã. Um baita frio junto de uma garoa, mas a disposição para a aventura falava mais alto. Nos despedimos do Paulão, que ficou emocionado por não poder ir conosco, mas prometemos que um dia ele irá nos encontrar lá embaixo ao final, e matar a saudade do amigo Zé Pretinho, companheiro e anfitrião do grupo por tantos anos.

Desembarcamos, pegamos as mochilas e sem pensar muito na garoa e no frio, começamos a pernada de 5h até o túnel 24.

O prego no sapato

Caminhar sobre o leito da ferrovia é muito perigoso e requer atenção redobrada. As pedras, geralmente soltas, deixam a pisada instável. Peças de manutenção são largadas pelo caminho. É bastante comum encontrar parafusos, porcas, grampos etc. Normalmente são peças grandes e não oferecem risco direto para quem caminha, mas eu consegui pisar em um prego de madeira com menos de 1km de caminhada. Ao sentir a fisgada no pé, meu reflexo foi me jogar no chão para não colocar mais peso sobre o pé potencialmente ferido. Por sorte o prego não perfurou meu pé, mas passou pela sola e pela palmilha e fez um pequeno arranhão na planta do pé. Tirei o prego, removi o sapato, inspecionei, passei um swab (pequeno lenço com álcool) para desinfetar, fiz um remendo com micropore e voltei a calçar a bota e retomamos a caminhada 5 minutos após o ocorrido. O machucado não foi grave a ponto de incomodar pelo resto da jornada.

A parada estratégica no túnel 27

Paradinha estratégica no túnel 27 para reagrupar e comer alguma coisa.

Caminhar na via férrea no seco já é cansativo, imagine à noite, sob garoa e neblina é mais ainda. O ambiente é muito diferente de qualquer trilha que eu tenha feito. O movimento dos trens de carga é muito mais intenso do que eu imaginava. E a cena deles vindo com aquele farol amarelado, surgindo da neblina, vou me lembrar para sempre!

Após 2:30h de caminhada, chegamos no início do primeiro túnel e metade do trajeto. Neste ponto existe um recuo que permitiu reagrupar a tropa para um breve descanso. Desequipados, tomamos uma água, comemos alguma coisa, tiramos umas fotos e demos um tapa no conhaque com mel e limão para dar uma animadinha.

Caminhar dentro do túnel é um desafio à parte. É um ambiente que está sempre úmido, e os dormentes de madeira sempre são escorregadios. Tentamos apertar o passo instintivamente por conta do espaço reduzido para se abrir caso passem dois trens ao mesmo tempo, mas é preciso tomar cuidado com tombos. Pegamos alguns trens dentro dos túneis, mas nunca dois ao mesmo tempo. Embora haja espaço para se abrigar, confesso que dá um cagaço só de pensar nessa situação.

O fim dos trilhos

Partindo do túnel 27, seguimos em direção ao túnel 24 (a numeração é decrescente, pois historicamente, a linha férrea conecta o porto ao “interior”). Este passeio de dia deve ser bem bonito pois passamos por pontilhões e encostas bem altas. Em alguns momentos era possível avistar ao longe, as luzes da cidade de Mongaguá. Com 5 horas de caminhada, atravessamos o túnel 24, faltava 1h para amanhecer. Como não dá pra descer no escuro, montamos uma base em um recuo no final do túnel. Esticamos uma lona para colocar as mochilas e deitar um pouco até o sol nascer. Alguns foram fazer um café e contar piadas, mas a maioria capotou para recuperar um pouco das energias em preparação para a dura descida que nos aguardava.

O céu começou a limpar, e nos presenteou com uma vista completamente surreal das estrelas. As pessoas fazem caminhadas por diversos motivos: pelo desafio, pelo exercício, mas o que mais me agrada são as paisagens que a natureza presenteia somente àqueles que se dispõem a levantar do sofá e se conectar com ela. Eu posso te mostrar uma foto, mas te garanto que ver pessoalmente é uma sensação indescritível.

Cafezinho antes de enfrentar a descida

A aventura mais difícil da minha vida

Seis horas da manhã, os primeiros raios de sol indicavam que estava na hora de iniciar a descida. Eu já tinha ouvido os relatos dos antigos por diversas vezes, mas viver aquilo seria diferente. Uma caminhada de 2,5 km, partindo de 770m de altitude, terminando a 5m do nível do mar. Uma descida forte, que levaríamos 6h para completar.

Por conta da pandemia, a trilha ficou abandonada, e a natureza rapidamente fez seu papel e tomou toda a trilha nesses 2 anos de hiato. Após um trabalho rápido de reconhecimento, encontramos a trilha e iniciamos a descida. Muito barro, muito espinho e muita risada. Até apostamos que quem caísse na trilha pagaria uma caixa de cerveja no final. Com 50 minutos de caminhada já não tinha mais nenhum invicto. Todo mundo já tinha prenda para pagar no final da trilha. O esforço para descer de forma controlada era tão grande que comecei a suar e sentir mais calor que na madrugada fria e molhada da noite anterior.

Primeiros raios de sol saindo. Hora de levantar.

A umidade na serra do mar é impressionante. Árvores caídas com o tronco mais espesso que o corpo de uma pessoa, literalmente se desmanchando pela rápida decomposição que este tipo de ambiente propicia. Se equilibrar era um desafio pois além da forte inclinação, havia muitos troncos cobertos de espinhos. Luvas e um bastão de caminhada resistente são essenciais para esta trilha.

Antes de chegar no acampamento, o peso da mochila começou a me afetar. Em um dado momento minhas pernas simplesmente não responderam mais e eu desabei de cansaço. Tive que tomar um relaxante muscular forte e fazer uma pausa para poder continuar. Naquele momento parei para refletir o quanto somos pequenos diante da natureza. Eu ainda conseguia ouvir os trens passando, a menos de 2km dali. Aquele pequeno trecho de descida fortemente acidentado me destruiu de uma forma que eu não imaginava.

Passados 10 minutos após tomar o remédio, me coloquei de pé e um amigo se ofereceu para levar minha mochila até o acampamento. Se eu insistisse em levar a mochila, eu atrasaria mais o grupo, e o horário de chegar já estava apertado. Fui aconselhado a ceder então entreguei a mochila e seguimos adiante. Levei apenas o cantil, a bolsa de cinto e o bastão de caminhada. Em 40 minutos chegamos ao acampamento: uma pequena clareira ao lado do rio Branquinho, num ponto com uma cachoeira e piscina natural. Para quem saiu daquela descida massacrante, aquilo era um resort 5 estrelas!

Era próximo de 13h quando começamos a limpar o local e montar as barracas. Dispusemos as barracas em meia lua, com uma árvore grande ao centro onde amarramos os paracords e jogamos uma lona por cima para fazer uma área comum. Neste local já haviam sido reunidas diversas pedras para fazer a fogueira. Colhi algumas laranjas para comer junto com a refeição. Aliás, muitas frutas são encontradas por perto, resultado de 30 anos acampando no mesmo local.

Acampamento montado, fui direto para a cachoeira. Precisava da água gelada para relaxar os músculos das pernas que estavam fatigados. Aproveitei para lavar o barro das roupas e colocar para secar nas pedras. Iria continuar utilizando aquelas roupas no dia seguinte.

Preparei o lámen com calabresa e queijo, voltei para a água e comi ali mesmo enquanto relaxava na piscina natural. Não tem vida melhor que essa!

Barriga cheia e acampamento montado, resolvi tirar uma soneca, eram 16h. O pessoal foi pescar uns lambaris pra comer a noite e eu tomei um Dorfex e fui deitar um pouco.

Senhoras e senhores, a melhor dica para dormir bem no acampamento é estar cansado! Apaguei às 16:30 e fui levantar só as 22h quando soltaram uma bombinha atrás da minha barraca! Eu estava perdendo o melhor da festa. Então pulei pra fora da barraca e fui papear com o pessoal! Fizemos churrasco de bacon, peixe frito, tomamos uns drinks e contamos muita piada!

Um conforto providencial no meio da selva: cheirinho de bacon assado!

Por volta de 01:00h fomos dormir. Ajeitamos a fogueira para ela não apagar e nos retiramos.

O segundo dia

Eu havia despertado às 5:50 e comecei a arrumar as minhas coisas com antecedência. Como passaríamos por muitos cruzamentos de rio, esvaziei o bolsa de hidratação na intenção de aliviar a minha mochila. O cantil seria enchido durante as travessias, água não faltaria no caminho.

Às seis horas da manhã o capitão Marcelo passou despertando a tropa. Militar reformado do Exército, ele sabia muito bem como acordar um bando de marmanjos bêbados e dorminhocos.  Tínhamos que sair rigorosamente às 7h para dar tempo de chegar no ponto de ônibus e pegar o último ônibus para o centro de Itanhaém. Tomamos um rápido café, desmontamos acampamento e pontualmente às 7h já estávamos andando.

Andamos uns 20Km até a aldeia TEKOA YANKA TIIM PORÃ. Passamos por muitas, infinitas, intermináveis travessias de rio. Impossível manter os pés secos nessa trilha. Graças às dicas do meu amigo Ismael, utilizei algumas pomadas que permitiram terminar a caminhada sem nenhuma bolha nos pés. O único prejuízo que tive foram 5 unhas que caíram devido à pressão do calçado durante a descida, que exigiu muito esforço, mas mesmo assim, após um dia inteiro com os pés molhados, não tive bolhas.

A primeira casa da aldeia, na região chamada de “aldeia antiga”, é a casa do Sr. Veratupã. Um índio muito velho e meio brabo. Ele vive praticamente isolado do resto da tribo, que se mudou para uma região afastada cerca de 1km, do outro lado do rio Itanhaém fugindo das enchentes e desmoronamentos que aconteciam na parte antiga. O Sr. Veratupã decidiu permanecer em sua casa, desafiando toda a sorte de intempéries. As trombas d’água costumam ser muito violentas naquela região, pois praticamente toda a enxurrada daquela parte da serra passam pela aldeia e o rio Itanhaém (formado pelo Capivari-monos) se junta com o rio branquinho ficando muito forte após qualquer chuva, sendo muito comum a transformação do leito do rio a cada tempestade que ocorre.

A última travessia foi a mais longa. Ela cruza o rio Itanhaém na sua parte mais larga, bem na entrada da parte nova da aldeia. Fizemos uma fila indiana e fomos em passos curtos, sempre usando o bastão de caminhada como terceiro apoio. Havia chovido na noite anterior, mas o rio estava relativamente calmo.

Cruzamos rapidamente a aldeia, numa marcha sem parar. Fomos orientados a não olhar diretamente para as índias. As crianças olhavam em nossa direção, curiosas para saber de onde vínhamos. Mas me chamou a atenção a organização e beleza do lugar. Tudo muito limpo e bem cuidado, da saída da Aldeia até o Bar do Zé pretinho faltavam ainda 14,5km de caminhada. O sol estava bem forte quando chegamos na pequena ponte que demarcava o fim da terra indígena e o início de um gigantesco bananal.

Nesse ponto da caminhada, um outro colega estava colapsando de cansaço. O sol estava realmente castigando. Eu também estava com a moral bastante baixa pois as dores nas pernas estavam voltando a incomodar bastante. Felizmente encontramos uma caminhonete carregando bananas e verduras. Paramos e pedimos carona para nosso amigo e nossas mochilas. Me aconselharam a ir junto para dar apoio e cuidar das mochilas. Eu não recusei pois não queria atrasar o grupo e sabia que eu seria o próximo a colapsar.

Carona que caiu do céu! Sr. Osvaldo ajudou a transpoortarmos as mochilas até o proximo ponto de parada.

O Índio Sr. Osvaldo e sua Esposa foram muito simpáticos e nos ofereceram bananas e laranjas para comer. Eles estavam subindo para São Paulo para levar frutas e verduras para a parte alta da aldeia, que fica próximo à estação Evangelista de Souza.

O Bar do Zé Pretinho

Chegamos por volta de 14h no ponto final da nossa aventura. Descarregamos as mochilas da caminhonete e nos despedimos do Sr. Osvaldo. O bar abriria apenas por volta das 17h pois o Sr. Zé Pretinho faz feira aos domingos. Tínhamos 3 horas para nos recuperar, tirar os sapatos, relaxar e torcer para nossos amigos conseguirem completar o último percurso ou conseguir uma carona.

Às 16h eles chegaram na carretinha de um trator, que deu carona para eles nos últimos 4 km do percurso. Fizemos uma baita farra, comemos e bebemos. Tínhamos que esperar o ônibus para a rodoviária, que chegaria às 19h.

Encerramos a nossa aventura com uma foto da tropa junto ao Sr. Zé Pretinho.

Ao centro o Sr. Zé Pretinho, amigo que acolhe a tropa todos os anos a mais de 30 anos após a aventura.

Conclusão

Eu me despedi com uma vontade enorme de retornar no próximo ano. Mais preparado e mais experiente. Foi uma aventura fisicamente muito difícil, mas igualmente muito gostosa de realizar. Vimos paisagens que poucos têm a chance de ver, pois são muito poucos que têm à disposição e coragem para realizar uma caminhada desta. Para mim esse tipo de experiência só me ajuda a dar valor às coisas simples da vida. Podemos ter tudo, e às vezes mesmo assim achamos que não temos o suficiente. Quando estamos no mato, apenas com uma mochila e barraca, cansados e doloridos, percebemos que somos insignificantes perante a grandiosidade da natureza. O melhor sono da minha vida foi dentro daquela barraca, quando deitei exausto, mas abrigado e quentinho. A melhor refeição foi miojo com queijo, preparado na beira do rio.

Esta aventura me marcou, e certamente considero este feito, um rito de passagem. A mudança de chave de ex obeso sedentário para uma pessoa que após conhecer o Sobrevivencialismo, resolveu tomar as rédeas da vida e sair do piloto automático e assumir a responsabilidade por mim e minha família. Fico muito feliz e agradecido pelo convite do meu amigo Amauri, pelo carinho e companheirismo de toda a tropa e orgulhos de fazer parte desta tradição tão legal do Paulão e sua família!

Termino da nossa aventura, aguardando o ônibus para a rodoviária de Itanhaém.